domingo, 11 de março de 2012


GÓTICO EM TONS FLÚOR NA PASSAGEM DO SISTERS OF MERCY POR SP


The Sisters of Mercy no palco do Via Funchal no último dia 10. Foto do IPhone de João Henrique Gondim

"Pô, meu... o cara me aparece careca, de barbicha e com uma camisa amarela!!!" Assim reclamava um fã do pós-punk de tonalidades góticas do Sisters of Mercy na saída do Via Funchal, ao final da noite do último sábado (10/3). A exclamação tinha até sua razão de ser, afinal o ícone dark Andrew Eldritch quebrou o dresscode do gênero e surgiu no palco com visual completamente fora do esperado, com destaque para camisa de tons flúor. Quem esperava aquela figura esquálida, de cabelos pretos escorridos e trajando sempre negro, viu um outro Eldritch no palco, onde apenas a voz de grave profundo e o indefectível óculos escuros faziam a ponte com a figura que estampava várias camisetas dos fãs presentes à casa noturna.

Apesar da surpresa com a quebra de paradigma, The Sisters of Mercy possivelmente fez uma de suas melhores apresentações no Brasil. Mesmo sem lançar álbum novo há 22 anos (o último foi Vision Thing, de 1990), o hoje quarteto cumpriu bem o papel de saciar fãs saudosos do rock alternativo da década de 80, que queriam sim reverenciar um dos pioneiros e mais influentes personagens da cultura gótica, que voltou forte neste século 21. Se misturaram na plateia do Via Funchal veteranos darks dos anos 80 com neo-góticos que tomaram mamadeira ao som de Bauhaus e Sisters of Mercy, que ainda capricharam no visual com longas capas pretas, correntes e maquiagem escura. Tarefa difícil foi encontrar alguém vestido com outra cor que não fosse o preto ali dentro.

A sua última passagem dos Sisters pelo país não deixou boas lembranças, com um set irregular e uma banda ainda tentando se afinar aos ditames do som idealizado por Eldritch desde a fundação da banda, em Leeds (Inglaterra), em 1980. Tudo bem que a durabilidade das formações sempre atrapalharam o desenvolvimento de uma carreira mais sólida e sempre comprovaram que The Sisters of Mercy é praticamente um codinome de Andrew Eldritch. Mas desta vez as guitarras de Chris May e Ben Christodoulou, e o apoio de Simon Denbigh nos teclados e programações, fizeram bem do que a cama para Eldritch passear por seus clássicos. A banda estava especialmente afiada, brilhando até em número instrumental, tangenciando o heavy-metal em certos momentos. May e Christodoulou também se garantiram nos vocais de apoio, fazendo a parte mais aguda, chegando mesmo a lembrar os tempos dos duelos de Eldritch e Wayne Hussey (depois The Mission).

É claro que os pontos altos foram os clássicos Dominion/Mother Russia, This Corrosion, First and Last and Always e até Temple of Love, esta já executada no bis. Se alguém esperava por No Time to Cry (sucesso até nas rádios pop no Brasil de meados dos anos 80), ficou a ver navios, afinal esta composição ficou para o legado da passagem do desafeto Hussey pela banda. 

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